Palmas-TO, 28 de março de 2024

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Acesso das mulheres ao ensino e ao desenvolvimento científico são resultados de lutas, diz pesquisadoras

Atualizado em: 08/03/2022 08h56

Para refletir sobre questões relacionadas à mulher e à luta pela igualdade de gêneros no ensino, pesquisa e na ciência, a Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins (Fapto) traz nesta terça-feira, 08, Dia Internacional da Mulher, alguns posicionamentos de mulheres pesquisadoras e estudiosas sobre o tema.

A professora da Universidade Federal do Tocantins (UFT), que atua nos Campus de Arraias e Palmas, doutora em Educação e Inclusão Social, Luciana Pereira de Sousa, 36 anos, destaca que historicamente as mulheres são presença majoritária na docência na Educação Básica, em especial na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Luciana explica que quando se trata do Ensino Superior, articulada a relação docência e pesquisa, a presença de mulheres na docência é reduzida em relação aos homens. Apenas 28% dos pesquisadores mundiais são do gênero feminino, segundo pesquisa da a organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

A pesquisadora destaca recentes pesquisas desenvolvidas por duas cientistas brasileiras que lideraram um grupo composto por dez mulheres e um homem que juntos conseguiram sequenciar corretamente o DNA do coronavírus. “Isso revela o potencial das mulheres para realizarem pesquisas e contribuir com o desenvolvimento da ciência e tecnologia”, aponta ela.

Para Luciana, o acesso das mulheres ao ensino, mercado de trabalho e ao desenvolvimento científico são resultados de uma trajetória de lutas e conquistas por direitos. “É necessário ressaltar que a composição do tempo social da mulher é atravessada por demandas da maternidade, do trabalho, da família, da organização da casa, dentre outras atividades que foram impostas pelo patriarcado, sendo assim, afetam diretamente a produtividade da mulher”, observa.

De acordo com a profissional, para aumentar a representatividade das mulheres na docência no Ensino Superior, na Pesquisa, e na ocupação de postos de trabalho de liderança, é essencial o fortalecimento das políticas públicas de igualdade de gênero, bem como garantir o acesso e permanência das meninas/mulheres na Educação Básica e Superior.

A professora economista e especialista em Educação Profissional Integrada à Educação Básica, Kiara Souza dos Reis Cavalcante, do corpo técnico do Instituto Federal do Tocantins (IFTO), também ressalta que dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) dos últimos anos, indicam que as mulheres enfrentam desigualdade salarial de 15% em relação aos homens que desempenham a mesma função. Para aquelas que possuem ensino superior completo a discrepância pode chegar a 35%.

A economista Kiara avalia que essas diferenças encontradas no mercado de trabalho muitas vezes começam dentro de casa. “A responsabilidade pela criação dos filhos, o cuidado com a casa e com a saúde da família ainda continuam sendo da mulher. O homem ainda se apresenta como aquele que ajuda e não como o que divide tudo”, afirma lembrando que grande parte das mulheres gastam em média mais de 21 horas, por semana, com afazeres domésticos e cuidado de pessoas, quase o dobro do que os homens gastam com as mesmas tarefas.